segunda-feira, 21 de julho de 2025

PORTUGUÊS | Morfologia - Verbo [Teoria]

VERBO


Verbo é uma classe gramatical que expressa movimento, estado, fenômenos meteorológicos, entre outras possíveis ações realizadas ou sofridas pelo sujeito de um enunciado.
 
O verbo é a classe gramatical que indica ação, estado, movimento, entre outros fenômenos, geralmente realizados ou sofridos pelo sujeito do enunciado. Os verbos têm uma estrutura própria, além de apresentarem diferentes modos, tempos e vozes.
 
Resumo sobre verbo
  • É uma classe gramatical que flexiona em número e pessoa, apresentando formas diferentes para o singular e o plural e para a 1ª, a 2ª e a 3ª pessoas.
  • Os modos verbais são o indicativo, o subjuntivo e o imperativo.
  • Há diversos tempos verbais de acordo com o modo verbal; em geral, dividem-se em pretérito (ou passado), presente e futuro.
  • Há três formas nominais do verbo: infinitivo, gerúndio e particípio.
  • Os verbos podem ser classificados como regulares, irregulares, anômalos, abundantes, defectivos e impessoais.
  • São três as vozes verbais: a voz ativa, a voz passiva e a voz reflexiva.
 
O que é verbo?
O verbo é o termo que expressa ação, estado, fenômeno, fato, entre outros acontecimentos no enunciado. Quando a oração tem sujeito, o verbo expressa a ação realizada ou sofrida por esse sujeito. Quando ela não o tem, o verbo não se refere a uma pessoa do discurso, sendo impessoal.
 
Estrutura do verbo
O verbo costuma apresentar dois elementos básicos: o radical e a terminação. A terminação pode ser formada por dois elementos: a vogal temática e a desinência, podendo esta última ser de dois tipos: modo-temporal e número-pessoal.
  • Radical: é a parte do verbo que expressa seu significado básico.
  • Vogal temática: é a parte do verbo que indica o tipo de conjugação, baseado na terminação do verbo. Verbos de 1ª conjugação terminam em -ar; verbos de 2ª conjugação terminam em -er; e verbos de 3ª conjugação terminam em -ir. Assim, as vogais temáticas podem ser -a, -e ou -i.
  • Desinência modo-temporal: é a parte final do verbo que indica o modo e o tempo em que ele é conjugado.
  • Desinência número-pessoal: é a parte final do verbo que indica o número e a pessoa da conjugação.
Exemplos:
cant a r
radical + vogal temática + desinência modo-temporal

cant a re mos
radical + vogal temática + desinência modo-temporal + desinência número-pessoal

cant e i
radical + desinência modo-temporal + desinência número-pessoal
 
Flexão do verbo
O verbo flexiona em pessoa e em número, podendo ser:
  • Pessoa: 1ª pessoa (a que fala), 2ª pessoa (aquela para quem se fala) ou 3ª pessoa (aquela de quem se fala ou aquilo de que se fala, quando esse assunto não for nem a 1ª nem a 2ª pessoa).
  • Número: singular ou plural.
Para cada pessoa, há uma forma no singular e outra no plural, totalizando seis formas. Veja o exemplo de um verbo conjugado em cada uma dessas seis formas:


*Vale ressaltar que, no Brasil, a 2ª pessoa está caindo em desuso, sendo substituída pelos pronomes de tratamento “você” (singular) e “vocês” (plural), que tem conjugação na 3ª pessoa.
 
Além da flexão em pessoa e em número, os verbos também flexionam de acordo com o modo, o tempo e a voz.
  • Modo: indicativo, subjuntivo ou imperativo.
  • Tempo: passado (pretérito), presente ou futuro.
  • Voz: ativa, passiva ou reflexiva.
De acordo com o modo utilizado, o tempo verbal pode se subdividir em mais de um tipo de passado ou de futuro.
 
Modos verbais
Os modos verbais expressam a maneira como a ação verbal pode ou não se realizar, indicando como a pessoa que fala enxerga essa ação e se relaciona com ela: há um tom de certeza, dúvida ou ordem.
 
→ Modo indicativo
Expressa um fato certo de acontecer no presente, de ter acontecido no passado, de vir a acontecer no futuro ou que viria a acontecer no futuro. Veja:
Eu leio sempre.
Nós líamos com muita frequência antigamente.
Desse jeito, ela e o irmão lerão muito.
 
→ Modo subjuntivo
Expressa uma hipótese ou dúvida de que algo possa acontecer no presente, pudesse ter acontecido no passado ou pode vir a acontecer no futuro. Observe:
Mesmo que eu leia um livro por mês, não daria tempo de acabar o curso.
Se ela lesse tanto quanto você, já conheceria muitas histórias.
Quando nós lermos tudo isso, nos sentiremos muito inteligentes!
 
→ Modo imperativo
Expressa ordem, conselho, pedido, proibição etc. Por isso, não apresenta 1ª pessoa do singular.
Leia esse livro, é muito bom!
Leiamos esses exemplos para entendermos melhor.
 
Tempos verbais
O tempo verbal indica o momento em que ocorre a ação expressa pelo verbo. Há três tempos verbais básicos para isso:
  • Pretérito (ou passado): a ação do verbo ocorre antes do momento da fala.
  • Presente: a ação do verbo ocorre durante ou ao mesmo tempo que o momento da fala.
  • Futuro: a ação do verbo ocorre após o momento da fala.
→ Tempos verbais de acordo com o modo
De acordo com o modo (indicativo ou subjuntivo), há diferentes classificações de passado e de futuro. Veja a seguir.
 
◆ Modo indicativo
  • Presente: ação ocorre no momento da fala. Ex.: Eu falo muito.
  • Pretérito perfeito: ação ocorreu em momento anterior ao da fala e foi finalizada. Ex.: Eu falei muito.
  • Pretérito imperfeito: ação ocorria regularmente em momento anterior ao da fala e foi interrompida. Ex.: Eu falava muito.
  • Pretérito mais-que-perfeito: ação ocorrera em momento anterior ao próprio passado. É uma ação que ocorreu em um passado distante, o passado do passado. Ex.: Eu falara muito sobre aquilo na época, mas desisti há algum tempo.
  • Futuro do presente: ação ocorrerá em momento posterior ao da fala. Ex.: Eu falarei no evento.
  • Futuro do pretérito: ação ocorreria em momento posterior ao de uma situação do passado, sendo o futuro do passado. Ex.: Eu falaria no evento, mas ele foi cancelado.
◆ Modo subjuntivo
  • Presente: expressa a suposição de que a ação ocorra. Ex.: Tomara que eu fale bem na apresentação!
  • Pretérito imperfeito: expressa a suposição de como seria se a ação ocorresse. Ex.: Se eu falasse bem, faria a apresentação.
  • Futuro: expressa a suposição de quando a ação ocorrer. Ex.: Quando eu falar, todos se surpreenderão!
◆ Modo imperativo
O modo imperativo é o modo verbal usado para fazer uma ordem, pedido, convite ou dar um conselho. Ele tem apenas um tempo verbal, o presente, e não é conjugado na 1.ª pessoa do singular (eu), porque não damos ordens a nós próprios. Há duas formas de imperativo: imperativo afirmativo e imperativo negativo.
 
Exemplos:
Fiquem quietos!
Ajude o colega que tem dúvidas.
Não acreditem em tudo o que disserem.
 
Formação do imperativo afirmativo
A 2.ª pessoa do singular (tu) e a 2.ª pessoa do plural (vós) do imperativo afirmativo são formadas a partir do presente do indicativo (tu amas, vós amais), sendo apenas necessário retirar o -s. Todas as outras pessoas do imperativo afirmativo são conjugadas da mesma forma que o presente do subjuntivo (que ele/ela ame, que nós amemos, que eles/elas amem).
 
Formação do imperativo negativo
Todas as pessoas do imperativo negativo são conjugadas da mesma forma que o presente do subjuntivo (que tu ames, que ele/ela ame, que nós amemos, que vós ameis, que eles/elas amem).


Formas nominais do verbo
O verbo apresenta formas nominais, que expressam a ação de maneira impessoal e invariável, não estando conjugada, e, portanto, sem aplicação de modo e tempo verbal nem de pessoa e número.
  • Infinitivo: a ação por si só. Ex.: cantar, beber, dirigir.
  • Gerúndio: a ação em execução. Ex.: cantando, bebendo, dirigindo.
  • Particípio: a ação finalizada. Ex.: cantado, bebido, dirigido.
Classificação dos verbos
Os verbos são classificados de acordo com o tipo de conjugação que têm.
  • Verbos regulares: apresentam conjugação padronizada, não havendo muitas alterações nas formas com que são conjugados. As mudanças costumam se limitar apenas ao radical de cada verbo. Ex.: amar, comer, decidir.
  • Verbos irregulares: apresentam conjugação fora do padrão, apresentando mudanças mais frequentes entre um verbo e outro. Em alguns casos, até o radical pode mudar de forma. Ex.: odiar, perder, sair.
  • Verbos anômalos: são verbos irregulares que apresentam conjugação completamente irregular, não sendo possível estabelecer uma tendência em suas formas conjugadas. Ex.: ser e ir.
  • Verbos abundantes: apresentam mais de uma conjugação para algumas de suas formas. Ex.: algumas formas dos verbos aceitar, pagar, fazer, prender.
  • Verbos defectivos: não é possível conjugá-los em todas as pessoas, modos e tempos verbais. Ex.: doer e colorir.
  • Verbos impessoais: são verbos defectivos que expressam ideias sem um sujeito, sendo conjugados apenas na 3ª pessoa do singular. É o caso de fenômenos da natureza. Ex.: chover, ventar.
Locuções verbais
Uma locução verbal ocorre quando há mais de uma palavra exercendo função de verbo no enunciado. Geralmente, isso acontece quando dois ou mais verbos aparecem juntos. Veja:
Eles estão esperando a viagem para a Austrália.
 
Vozes verbais
As vozes verbais, ou vozes do verbo, são a forma como os verbos se apresentam na oração a fim de determinar se o sujeito pratica ou recebe a ação. Elas podem ser de três tipos: ativa, passiva ou reflexiva.
 
Há três vozes verbais: ativa, passiva e reflexiva. Veja-as a seguir.


  • Voz ativa
Na voz ativa o sujeito é agente, ou seja, pratica a ação.
Exemplos:
Bia tomou o café da manhã logo cedo.
Aspiramos a casa toda.
Já fiz o trabalho.
 
  • Voz passiva
Na voz passiva o sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação.
Exemplos:
A vítima foi vista ontem à noite.
Aumentou-se a vigilância desde ontem.
Os pais foram chamados pela diretora.
  • A voz passiva pode ser analítica ou sintética.
  • Formação da voz passiva analítica
A voz passiva analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação no particípio + agente da passiva.
Exemplos:
O café da manhã foi tomado por Bia logo cedo.
A casa toda foi aspirada por nós.
O trabalho foi feito por mim.
 
  • Formação da voz passiva sintética
A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se), é formada por:
Verbo transitivo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador "se" + sujeito paciente.
Exemplos:
Tomou-se o café da manhã logo cedo.
Aspirou-se a casa toda.
Já se fez o trabalho.
 
  • Voz reflexiva
Na voz reflexiva o sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo, uma vez que ele pratica e recebe a ação.
Exemplos:
A velhinha sempre se penteia antes de sair.
Eu me cortei hoje quando estava cozinhando.
O atleta feriu-se na quadra.
 
Formação da voz reflexiva
A voz reflexiva é formada por:
Verbo na voz ativa + pronome oblíquo (me, te, se, nos, vos), que serve de objeto direto ou, por vezes, de objeto indireto, e representa a mesma pessoa que o sujeito.
Exemplos:
Atropelou-se em suas próprias palavras.
Machucou-se todo naquele jogo de futebol.
Olhei-me ao espelho.

  • Voz reflexiva recíproca
A voz reflexiva também pode ser recíproca. Isso acontece quando o verbo reflexivo indica reciprocidade, ou seja, quando dois ou mais sujeitos praticam a ação, ao mesmo tempo que também são pacientes.
Exemplos:
Eu, meus irmãos e meus primos damo-nos bastante bem.
Aqui, os dias passam-se com muitas novidades.
Sofia e Lucas amam-se.
 
Vozes verbais e sua conversão
Geralmente, por uma questão de estilo, podemos passar a voz verbal ativa para a voz verbal passiva.
Ao fazer a transposição, o sujeito da voz ativa torna-se o agente da passiva e o objeto direto da voz ativa torna-se o sujeito da voz passiva.
 
Exemplo na voz ativa: Aspiramos a casa toda.
Sujeito da ativa: Nós (oculto)
Verbo: Aspiramos (transitivo direto)
Objeto direto: a casa toda.
 
Exemplo na voz passiva: A casa toda foi aspirada por nós.
Sujeito: A casa toda
Verbo auxiliar: foi
Verbo principal: aspirada
Agente da passiva: por nós.
 
Observe que o verbo auxiliar "foi" está no mesmo tempo verbal que o verbo "aspiramos" estava na oração cuja voz é ativa. O verbo "aspiramos" na oração cuja voz é passiva está no particípio.
 
Assim, a oração transposta para a voz passiva é formada da seguinte forma:
 
Sujeito + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) conjugado no mesmo tempo verbal que o verbo principal da oração na voz ativa + verbo principal da ação conjugado no particípio + agente da passiva.
 
É importante lembrar que somente os verbos transitivos admitem transposição de voz. Isso porque uma vez que os verbos intransitivos não necessitam de complemento, não têm objeto que seja transposto em sujeito.


Bibliografia
VIANA, Guilherme. Verbo. Português. Disponível em: <https://www.portugues.com.br/gramatica/verbos.html>. Acesso em: 08 de julho de 2024.
 
FERNANDES, Márcia. Modo Imperativo. Portal Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/modo-imperativo/>. Acesso em: 08 de julho de 2024.
 
FERNANDES, Márcia. Vozes Verbais ou Vozes do verbo. Portal Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/vozes-verbais/>. Acesso em: 08 de julho de 2024.

*Imagem retirada do site https://aclp.com.br/hora-do-vernaculo-a-defectibilidade-do-verbo-caber/

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