LETRAS E FONEMAS
Fonema e Letra representam respectivamente sons (fala) e
sinais gráficos (escrita). Os fonemas são
as unidades sonoras que
compõem o discurso ou a fala e são representados entre barras oblíquas (//). As letras, por sua vez, são
os sinais gráficos que tornam
possível a escrita. Juntas de forma ordenada, as letras constituem o alfabeto.
Exemplo 1:
coçar = 5 letras
/k/ /o/ /s/ /a/ /r/ = 5 fonemas
Exemplo 2:
máximo = 6 letras
/m/ /á/ /s/ /i/ /m/ /o/ = 6 fonemas
Embora o número de fonemas e letras coincidam em muitas
palavras, nem sempre essa equivalência existe.
Exemplo 1:
acesso = 6 letras
/a/ /c/ /e/ /s/ /o/ = 5 fonemas
Exemplo 2:
chute = 5 letras
/x/ /u/ /t/ /e/ = 4 fonemas
Classificação dos Fonemas
Os fonemas classificam-se em vogais, consoantes e semivogais.
Vogais: são sons
emitidos sem obstáculos, somente pela boca (a, e, i , o, u), ou pela boca e
pelas fossas nasais (ã, ẽ, ĩ, õ, ũ). Exemplos:
pia, ando, cesto, quero, lente, li, lindo, sonho, avó, som, susto, untar.
Consoantes: as
consoantes encontram obstáculos na sua passagem pela boca, por isso, precisam
sempre do acompanhamento das vogais. Exemplos:
base, deduzir, falar, pedaço, redigir, sintetizar.
Semivogais: são os
fonemas /i/ e /u/ que aparecem juntos com uma vogal formando uma sílaba. É
importante dizer que, enquanto as vogais são essenciais na formação de sílabas,
as semivogais não. Exemplos: cárie, mau, pais, rei, seita, venceu.
Letras G e J
As letras G e J podem representar o mesmo fonema quando se
juntam às vogais E e I: ge = je e gi = ji.
Exemplo 1:
singelo = 7 letras
/s/ /ĩ/ /j/ /e/ /l/ /o/ = 6 fonemas
Exemplo 2:
refúgio = 7 letras
/r/ /e/ /f/ /ú/ /j/ /i/ /o/ = 7 fonemas
Letra H
No início de palavras, a letra H não é fonema.
Exemplo 1:
harpa = 5 letras
/a/ /r/ /p/ /a/ = 4 fonemas
Exemplo 2:
hoje = 4 letras
/o/ /j/ /e/ = 3 fonemas
Letras M e N
Quando têm função de nasalização, as letras M e N não são
fonemas.
Exemplo 1:
campo = 5 letras
/k/ /ã/ /p/ /o/ = 4 fonemas
Exemplo 2:
atento = 6 letras
/a/ /t/ /ẽ/ /t/ /o/ = 5 fonemas
Quando não têm função de nasalização, as letras M e N são
fonemas.
Exemplo 1:
navio = 5 letras
/n/ /a/ /v/ /i/ /o/ = 5 fonemas
Exemplo 2:
soma = 4 letras
/s/ /o/ /m/ /a/ = 4 fonemas
Letra X
A letra X pode representar os fonemas /s/, /z/ e /ks/.
Exemplo 1:
sexto = 5 letras
/s/ /e/ s/ /t/ /o/ = 5 fonemas
Exemplo 2:
exalar = 6 letras
/e/ /z/ /a/ /l/ /a/ /r/ = 6 fonemas
Exemplo 3:
fixo = 4 letras
/f/ /i/ /k/ /s/ /o/ = 5 fonemas
Dígrafos
Além das letras acima, há ainda os dígrafos, o encontro de
duas letras que representam um único fonema.
Exemplos:
ch: chuva /x/ /u/ /v/ /a/
nh: arranhar /a/ /rr/ /a/
/nh/ /a/ /r/
qu: quindim /k/ /ĩ/ /d/
/ĩ/
rr: aborrecer /a/ /b/ /o/
/rr/ /e/ /c/ /e/ /r/
sc: nascer /n/ /a/ /c/
/e/ /r/
ENCONTROS VOCÁLICOS
Para representar um Encontro Vocálico,
vejamos abaixo:
P-O-L-I-D-O → alternância de consoantes e vogais
P-O-L-U-Í-D-O → sequência de sons vocálicos
DEFINIÇÃO: Encontro
Vocálico é o encontro de uma vogal e/ou semivogal numa palavra, sem consoante
intermediária. Existem três tipos de encontros vocálicos:
Ditongo: é o encontro
vocálico em que uma vogal e uma semivogal são pronunciadas em uma única sílaba.
Por exemplo:
Pai –
vogal / semivogal
Sé-rio –
semivogal / vogal
Co-ra-ção –
vogal / semivogal
Os ditongos podem ser divididos em:
- Decrescente: a
intensidade do som da vogal (mais forte) decresce para a semivogal (mais
fraca). Isso acontece quando a vogal vem em primeiro lugar. É o caso de:
Pão
– vogal / semivogal
Mãe
- vogal / semivogal
Leite
- vogal / semivogal
- Crescente: a
intensidade do som cresce da semivogal (mais fraca) para a vogal (mais forte).
Isso acontece quando a semivogal antecede a vogal. É o caso de:
Linguiça – semivogal
/ vogal
Gênio
– semivogal / vogal
Espécie
– semivogal / vogal
Ainda nos tipos de Ditongos, dependendo de como
acontece a saída do ar, eles podem ser chamados de:
- Oral: o
ar sai totalmente pela boca, a vogal é oral. Exemplo:
Lei -
te
Céu
He –
rói
- Nasal:
parte do ar sai pelas fossas nasais, a vogal é nasal. Exemplo:
Mui-to
Quan-do
Pão
Tritongo: é o encontro
vocálico em que uma vogal aparece entre duas semivogais numa única sílaba.
Por exemplo:
Uruguai –
semivogal / vogal / semivogal
Saguão –
semivogal / vogal / semivogal
Paraguai –
semivogal / vogal / semivogal
Os tritongos, assim como os ditongos, também são
classificados em orais e nasais:
- Oral: o ar sai totalmente pela boca, a vogal é
oral. Exemplo:
Averiguei
Enxaguou
Quais
- Nasal: parte do ar sai pelas fossas nasais, a
vogal é nasal. Exemplo:
Saguão
Quão
Enxáguam
Hiato: é o encontro
vocálico seguidos de duas vogais e que, por serem vogais, são pronunciadas em
sílabas diferentes. Por exemplo:
Sa - ú
- de
Pa - ís
Ru – im
PA-RA-Í-BA
SO-AR
OBS:
em caso de as vogais fazerem parte da mesma sílaba, trata-se de um ditongo e
não de um hiato.
Vejamos
os exemplos das palavras “sábia” e “sabiá”:
Sá-bia (o encontro
vocálico “ia” é um ditongo, porque as duas vogais estão em sequência e fazem
parte da mesma sílaba).
Sa-bi-á (o encontro
vocálico “iá" é um hiato, pois embora as duas vogais estejam juntas, elas
pertencem a sílabas diferentes).
OBS:
O
hiato é formado por VOGAL + VOGAL.
Isso
acontece pelo fato de as vogais pertencerem a sílabas diferentes, e portanto
servirem como núcleos para suas respectivas sílabas. Acontece diferente com o
ditongo, que pode ser formado por vogal + semivogal ou semivogal + vogal, e com
o tritongo, que é formado por semivogal + vogal + semivogal.
Há
ainda casos como o da palavra “sereia”:
Se-rei-a
-
O encontro vocálico “eia” não é tritongo, pois as três vogais não pertencem a
uma única sílaba.
-
O encontro vocálico “ei” constitui um ditongo decrescente, pois é formado por
vogal + semivogal, já que ambas pertencem a uma única sílaba.
-
O encontro vocálico “ia” constitui um hiato, pois apesar de estarem adjacentes,
as duas vogais pertencem a sílabas diferentes.
-
A particularidade deste hiato é que ele é formado por SEMIVOGAL + VOGAL, já que
o ditongo “ei” é decrescente, e o “i” é semivogal. Mesmo assim, permanece a
regra de que cada sílaba precisa possuir uma vogal, e não pode ter mais de uma,
sendo as demais classificadas como semivogais.
ENCONTROS CONSONANTAIS
Para
representar um Encontro Consonantal, vejamos abaixo (c = consoante; v = vogal):
G A T A →
c v c v → alternância de consoante e vogal
G R A T
A → c c v c v → sequência de sons consonantais
Encontro
Consonantal é a
junção de consoantes no mesmo vocábulo sem vogal intermediária. Os Encontros
Consonantais podem aparecer de 2 formas:
1. Na
mesma sílaba: são
denominados de grupos consonantais e têm quase sempre como segunda consoante o
L ou o R. Exemplo:
TL: a-tlas
BL: blo-co,
bí-bli-a
BR: bran-co,
ru-bro, bri-sa, a-brir
DR: pe-dra, dra-gão,
vi-dro
PL: pla-no
CL: cla-ro,
te-cla, cli-ma
CR: cra-vo,
A-cre, la-crar
FL: flo-res,
a-fli-ção, ru-flar
FR: fra-co,
so-frer, fran-cês, re-frão
GL: gló-ri-a,
in-glês, a-glu-ti-nar
GR: gran-de,
ne-gro, re-gra
PR: pra-to,
so-pro
PN: pneu
TR: tri-bo,
a-trás
VR:
pa-la-vra
Além
dessas mais frequentes, há também as que não aparecem em muitos vocábulos,
como:
GN: gno-mo
MN: mne-mô-ni-co
PN: pneu-má-ti-co
PS: psi-co-lo-gi-a
PT: ptialina
2. Em
sílabas consecutivas: nas
sílabas diferentes, cada consoante pertence a uma sílaba. Exemplo:
R/T:
Tor-ta
S/T:
Lis-ta
B/S:
Ab-so-lu-to
C/C:
Con-vic-ção
C/T:
As-pec-to
D/V:
Ad-ver-tir
F/T:
Af-ta
T/M:
Rit-mo
P/T:
Ap-to
Algumas
exceções à regra:
- CH, LH,
NH, RR, SS, QU, GU não são grupos consonantais, mas sim Dígrafos, que é a reunião de duas letras para a transcrição de um
Fonema. É o caso de machado, calha, banheiro, carro e passo.
- M e o N
pós vocálico, também, não formam encontro consonantal, já que não são
consoantes e sim sinais diacríticos de nasalização. É o caso de cam-po e
son-so.
- BL pode
determinar a formação de grupos consonantais ou de encontros disjuntos. É o
caso de a-bla-ti-vo e do encontro disjunto em sub-li-nhar.
- O
encontro Consonantal pode ser, também, Fonético.
A consoante X possui sonoridade de CS, ocorrendo dois fonemas consonantais:
Taxi – 5
fonemas e 4 letras
Axila – 6
fonemas e 5 letras
Oxigênio
– 9 fonemas e 8 letras
Boxe – 5 fonemas e 4 letras
Dígrafo é a
sequência de duas letras que formam um mesmo som, um único fonema. Não podemos
confundir consoantes e vogais com letras, já que são sinais representativos
daqueles sons.
Nos dígrafos, cada letra perde sua unidade sonora.
Isso porque a sequência de duas letras representa apenas um fonema. Abaixo,
alguns exemplos de Dígrafos:
Pêssego
Carro
Máquina
Ninho
Chave
Alho
Molho
Banho
Assar
Arroz
Querido
Missa
Torre
Descida
Carro
Máquina
Ninho
Chave
Alho
Molho
Banho
Assar
Arroz
Querido
Missa
Torre
Descida
Existem dois tipos de Dígrafos, os Consonantais e
os Vocálicos:
- Dígrafos consonantais: é
o encontro de duas letras que formam um único som consonantal. Exemplos: lh,
ch, nh, rr, ss, qu, gu, sc, sç, xc, xs.
CH: chuva, chaveiro, choro, churros
LH: lhama, telha, alho, calha, milho, agulha
SS: massagem, assumir, pássaro, pêssego
RR: cachorro, carro, torre, morro, carreto
NH: dinheiro, sonho, sobrinho
GU: guirlanda, guitarra, dengue, guerra
QU: questão, máquina, querosene, aquele
SC: descida, crescer, descendência, piscina
SÇ: cresça, desça, nasço
XC: exceto, exceção, excelente
XS: exsudativo, exsurgir
- Dígrafos vocálicos: é o encontro de duas letras que formam um único som
vocálico. Quando as vogais vêm seguidas das consoantes M e N, representando
fonemas vocálicos nasalizados. Exemplos: am, em, im, om, um, an, en, in, on,
un.
AM: amparo, ambulância, campeão, ambição, ampla
EM: empecilho, lembrança, sempre
IM: símbolo, cachimbo, limpo
OM: ombro, sombra, tombo
UM: cumprimento, chumbo, umbigo
AN: anta, sangue, tanque, antítese
EN: pente, mentira, entrada
IN: tinta, introdução, lindo, cinto
ON: onça, ponte, fonte
UN: mundo, sunga, denúncia
Vale ressaltar a atenção necessária para os
dígrafos abaixo:
- QU e GU,
pois dependendo da forma como a palavra é pronunciada, pode ser ou não um
dígrafo. Para entendermos melhor abaixo, dois grupos de palavras que ilustram a
situação:
>> Eloquência – a vogal u é
pronunciada, portanto não apresenta dígrafo.
>> Questão – a vogal u não é pronunciada, portanto possui o dígrafo QU.
>> Questão – a vogal u não é pronunciada, portanto possui o dígrafo QU.
>> Linguiça - a vogal u é
pronunciada, portanto não apresenta dígrafo.
>> Gueixa – a vogal u não é pronunciada, portanto possui o dígrafo GU.
>> Gueixa – a vogal u não é pronunciada, portanto possui o dígrafo GU.
- SC, SÇ e XC
podem representar o mesmo fonema transcritos também por C ou Ç, como:
Florescer –
amanhecer
Cresça – apareça
Exceder - preceder
Cresça – apareça
Exceder - preceder
Referência Bibliográfica:
CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo.
Belo Horizonte: Bernardo Álvares S. A., 6a ed.1976. 509p.
LIMA, Rocha. Gramática Normativa da Língua
Portuguesa. 27 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986. 506p.
PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e
atividades. 1. Ed. São Paulo: FTD, 2014. 512p.
CUNHA,
Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo Horizonte: Bernardo Álvares
S. A., 6a ed.1976. 509p.
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Olympio, 1986. 506p.
PASCHOALIN,
Maria Aparecida. Gramática: teoria e atividades. 1. Ed. São Paulo: FTD, 2014.
512p.
CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Belo
Horizonte: Bernardo Álvares S. A., 6a ed.1976. 509p.
Fonte da foto: https://www.ideiasepalavras.com.br/produto/letras-e-fonemas/
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